FACULDADE
PIO DÉCIMO DE ARACAJU SERGIPE PÓS – GRADUAÇÃO LATO –SENSO EM PSICOPEDAGOGIA
INSTINTUCIONAL E CLÍNICA.
GERUSA
GOMES SILVA, GILDENES MENESES DO NASCIMENTO, NADJA MARY ROCHA VIANA NASCIMENTO
RELATÓRIO
SUPERVISIONADO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA.
ARACAJU
2013
GERUSA GOMES SILVA, GILDENES MENESES DO NASCIMENTO,
NADJA MARY ROCHA VIANA NASCIMENTO
RELATÓRIO
SUPERVISIONADO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
Relatório de Estágio Clínico
apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista no
curso de pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional da Faculdade
Pia Décimo.
Profª.Orientadora:
Jucinete Feitosa Dias.
ARACAJU
2013
TERMO
DE APROVAÇÃO
Relatório Final de Prática Psicopedagógica Clínica apresentado à
Faculdade Pio Décimo para obtenção do título de especialização do curso
Pós-Graduação em Psicopedagogia Institucional e Clínica.
NOTA:- ---------------------------( ) A=
Aprovado ( ) D = Insuficiente.
------------------------------------------------------------------
Visto
da Supervisão de Estágio
RESUMO.
Esse trabalho
procede-se de uma reflexão sobre a prática Clínica, visando uma compreensão
mais abrangente no fazer Psicopedagógico e abarcar os conhecimentos pertinentes
à avaliação e ao diagnóstico do sujeito aprendiz. Aprofundamo-nos nas técnicas
especificas focalizando o “não - aprender” com mais profundidade. O nosso
trabalho foca-se em diagnosticar as causas da não aprendizagem, compreender e
investigar este processo. Todo diagnóstico Psicopedagógico é em si uma
Investigação, é uma Pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação a uma
conduta esperada. Será, portanto, o esclarecimento de uma queixa, do próprio
sujeito, da família e, na maioria das vezes, da escola. No caso, trata-se do
não - aprender, do aprender com dificuldade ou lentamente, do não - revelar o
que aprendeu, do fugir de situações de possível aprendizagem. (WEISS 1990 p.27).
Pode-se concluir que o campo da Psicopedagogia é a aprendizagem, e sua
intervenção é preventiva e curativa, pois se dispões a detectar problemas de aprendizagem
e “resolvê-los”, além de preveni-los, evitando que surjam outros. (PORTO 2007
P.92)
Palavras – Chave:
Dificuldade. Diagnóstico. Psicopedagogia Clínica. Intervenção.
SUMMARY.
This work proceeds to a reflection on practice clinic, aiming at a more
comprehensive understanding to encompass
Psicopedagógico and knowledge relevant to
the evaluation and diagnosis of the
learner. Aprofundamo us in specific techniques focusing
on the "non - learning"
in more depth. Our work focuses on diagnosing the
causes of not learning to understand and investigate this process. Every diagnosis
is itself a Psicopedagógico Research, is a Research
that does not go well with the subject in relation to an expected behavior. It will, therefore, clarification of a
complaint, the subject himself,
family, and most of the time, school. In the case, it's not - learn, learn from the difficulty
or slowly the not - reveal what they learned, the escape
of possible learning
situations. (Weiss 1990 p.27). It can be
concluded that the field of Psychology
is learning, and
its intervention is preventive and curative, because if hotdog detect learning
problems and "fix"
them, and prevent them, preventing others arise. (PORTO
2007 p. 92)
Key - Words: Difficulty. Diagnosis. Educational Psychology Clinic. Intervention.
“O conhecimento exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer uma ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica em invenção e em reinvenção.”
(Paulo Freire)
SUMÁRIO
1-INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------08
2-BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA------------------------------------------------- 10
3-APRESENTAÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------13
4- REGISTROS DA QUEIXA--------------------------------------------------------------------------14
5-ANAMNESE-----------------------------------------------------------------------------------------14
6-DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS--------------------------------------------------15
7-ANALISES DO DIAGNÓSTICO--------------------------------------------------------------------31
8-PARECER DIAGNÓSTICO-------------------------------------------------------------------------34
9-DEVOLUTIVA COM FINAL DE
ENCAMINHAMENTO------------------------------------------35
10-CONSIDERAÇÕES FINAIS-----------------------------------------------------------------------37
11-
BIBLIOGRAFIA-----------------------------------------------------------------------------------39
ANEXOS.
1-INTRODUÇÃO.
Entende-se
como atendimento Psicopedagógico clínico, investigação e a intervenção para que
se compreenda o significado, a causa e a modalidade de aprendizagem do sujeito,
com intuito de sanar suas dificuldades. A marca diferencial entre o psicopedagogo
e outros profissionais é que seu foco é o vetor da aprendizagem, assim como o
neurologista prioriza o aspecto orgânico; o psicólogo, a “psique”; o pedagogo,
o conteúdo escolar.[1]
A
Psicopedagogia Clínica procura compreender de forma global e integrada os
processos cognitivos, emocionais, sociais, culturais, orgânicos e pedagógicos
que interferem na aprendizagem, a fim de possibilitar situações que resgatem o
prazer de aprender em sua totalidade, incluindo a promoção da integração entre
pais, professores, orientadores educacionais e demais especialistas que
transitam no universo educacional do aluno.[2]
Na
relação com o aluno, o psicopedagogo estabelece uma investigação cuidadosa, que
permite levantar uma série de hipóteses indicadoras das estratégias capazes de
criar a situação terapêutica que facilite uma vinculação satisfatória mais
adequada para aprendizagem. Ao lado deste aspecto mais técnico, o psicopedagogo
também trabalha a postura, a disponibilidade e a relação com a aprendizagem, a
fim de que o aluno torne-se o agente de seu processo, aproprie-se do seu saber,
alcançando autonomia e independência para construir seu conhecimento e exercitar-se
na tarefa de uma correta autovalorização.[3]
A
dificuldade de aprendizagem e os comportamentos divergentes podem levar o aluno
ao fracasso, causando grandes angustias nos professores, e a relação se dá
entre alunos e professores, principalmente por meio da “fala”. Todos esses
fatos não podem ser vistos como peças enguiçadas que não têm mais conserto. Importante é entender o que se
passa em um processo educativo e os motivos que levam essas dificuldades a
fracassos escolares, tornando-se muitas vezes fracassos de vida. Importante e
desafiante é repensar as práticas educativas, envolvendo não só os alunos, mas
professores, coordenadores, diretores e todos que fazem parte do processo, um
recorte para uma intervenção Psicopedagógica.[4]
As
causas do não aprender podem ser diversas. Em vista dessa complexidade, é
necessário reconhecer que não é tarefa fácil para os educadores compreenderem
essa pluricausalidade. Portanto, torna-se comum constatar que as escolas
rotulam e condena esse grupo de alunos a repetência como também os coloca na
berlinda, com adjetivos de alunos “sem solução” e vítimas de uma desigualdade
social.
Em
psicopedagogia, não falamos tanto dos conhecimentos, mas de conhecer. A Informação(que
está fora do sujeito) transforma-se em conhecimento somente quando o sujeito
chega a conhecê-la.
Informação
é sempre um dado terminado, recortado e
recortável, separável da pessoa que o produziu. Em troca, o conhecer é um
processo que, embora seja consciente e transmissível através principalmente de
conceitos (conhecimentos), tem suas fronteiras menos definidas. Pode
diferenciar-se das pessoas que o produziram, mas mantém uma relação possível ou
pelo menos indicativa de seus autores.
Quando
transmitimos um conhecimento, para nós é uma construção, mas, enquanto o
transmitimos, ele se transforma em um signo, o qual aparece como informação. A
partir daí, o aprendente precisará construir o conhecimento. Para fazer essa
produção de conhecimento a partir da informação que o ensinante lhe dá, precisa
recorrer ao seu próprio saber que será o que vai dar sentido àquela informação.
A construção de conhecimento inclui
todo esse procedimento, e essa construção própria eu chamo aprender [5]
Todo
ser humano constitui-se como sujeito aprendente, tendo em vista os modelos
relacionais estabelecidos no decorrer de sua história, apresentando um caráter
único e dinâmico, formado a partir das dimensões afetivas e cognitivas que lhe
atravessaram ao longo de suas experiências com o outro. Dessa maneira, pode-se
pensar que o sujeito é c por constituído por diferentes aspectos, como:
aprendizagens anteriores, ou seja, conhecimentos já interiorizados, habilidades
que possui hábitos adquiridos, motivações presentes, funcionamento cognitivo,
curiosidades pelo mundo que o cerca, experiências culturais e sociais em que o
sujeito está envolvido.[6]
De
acordo com Vygotsky (1991), o ser humano se constitui na relação com o outro social, entendendo que a cultura
se torna parte da natureza humana num processo histórico que, ao longo do desenvolvimento da espécie e
do individuo, molda o funcionamento do homem.[7]
A
criança é um ser social que nasce com capacidade afetiva, emocional e cognitiva.
Para se desenvolver, precisa aprender com os outros, por meio dos vínculos que
estabelece, pois a aprendizagem se dá na troca com o outro, compartilhando suas
dúvidas, certezas, expressando suas ansiedades ou apenas comunicando suas
descobertas.
Portanto,
conforme Porto (2006, p. 39):
A
aprendizagem é uma construção singular que o sujeito vai realizando segundo o
seu saber, transformando informações em conhecimentos, deixando sua marca como
autor. A aprendizagem constitui-se em um processo, uma função, que vai além da
aprendizagem escolar e que não se circunscreve exclusivamente à criança.[8]
A
Psicopedagogia Clínica tem como objetivo principal a investigação do que não
vai bem com o sujeito em relação a sua forma de aprender e as questões
subjacentes do não aprender, bem como a intervenção nas dificuldades de
aprendizagem em crianças, adolescentes e adultos, buscando a compreensão do
processo de aprendizagem e suas fraturas, a partir do contexto desse sujeito e
de todas as variáveis que intervém nesse processo.[9]
2- BREVE HISTÓRICO DA
PSICOPEDAGOGIA.
O
movimento da Psicopedagogia no Brasil remete ao seu histórico na Argentina.
Devido à proximidade geográfica e ao acesso fácil à literatura (inclusive pela
facilidade da língua), as idéias dos argentinos muito têm influenciado a nossa
prática.
Muitos
profissionais argentinos encontram-se em nosso País, pós-graduando-se em
Psicologia, Psicanálise e mesmo em Psicopedagogia. Esses argentinos, em geral,
acabam por ministrar cursos e chegam a ocupar um considerável espaço no nosso
mercado de trabalho. Além disso, encontramos trabalhos de autores argentinos na
literatura brasileira, os quais constituem os primeiros esforços no sentido de
sistematizar um corpo teórico próprio da Psicopedagogia.
A
Psicopedagogia não nasceu aqui tampouco na Argentina. Investigando a literatura
sobre o tema, podemos verificar que a preocupação com os problemas de
aprendizagem teve origem na Europa, ainda no século XIX.
Segundo
Ariès (1981), a preocupação entre os moralistas e os educadores do século XVII
era compreender mais e melhor a criança para transformá-la em um homem racional
e cristão. A partir do século XVIII, a criança passa a ser inscrita em um
discurso social em que predomina o conceito de disciplina, a racionalidade dos
costumes, acrescido da preocupação com a higiene e a saúde física. Porém, é no
final do século XIX que a escolaridade adquire um papel e uma função bastante
distinta. Em uma sociedade cada vez mais tecnicista, uma nova e diferente
realidade se impõe a sobrevivência econômica dos indivíduos, forçados a
atualizações constantes, graças aos progressos técnicos e científicos.
Nesse
mundo moderno, a relação entre dominar o saber e ter um lugar nesse ciclo de
produção surge como uma promessa de sucesso. Quanto mais raro o saber, mais ele
vale. A escola, ponto de sustentação de ideário liberal, por teoricamente
garantir a igualdade de oportunidade para a aquisição do conhecimento e do
desenvolvimento, vai confirmar a crença de que as diferenças individuais seriam
as responsáveis pelo fracasso escolar e pelas desigualdades sociais.
A
crença no cientificismo como forma de explicar as desigualdades da sociedade
emergente dominará o pensamento cientifico produzindo na cultura ocidental a
convicção de que o saber, oriundo da pesquisa cientifica, amplia a
possibilidade do fazer a tecnologia.
Nessa
nova ordem cientifica, econômica e social, surge o sujeito contemporâneo, que
vive sem projetos de vida que estabeleçam laço entre o singular e o social. O
ciclo de produção e consumo – que se alimentam – estabelece uma forma de
trabalho produtivo sobre a égide de um saber cada vez mais especializado.
Trata-se de uma conseqüência que emerge de uma profunda mudança histórica
ocorrida no Ocidente, rumo a uma nova forma de Capitalismo (o mundo efêmero e
descentralizado da tecnologia, do consumismo e da industria cultural, com o
predomínio das industrias de serviços, finanças e informação, no lugar da
produção tradicional.
Na
literatura francesa – que, como já vimos, influencia as idéias sobre a
Psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua vez, influencia a práxis
brasileira) – encontra-se, entre outros, os trabalhos de Janine Mery,
psicopedagoga francesa, que apresenta algumas considerações sobre o termo Psicopedagogia
e sobre a origem dessas idéias na Europa, e os trabalhos de George Mauco,
fundador do primeiro centro médico - Psicopedagógico na França (do qual se tem
noticia na literatura), em que se percebem as primeiras tentativas de
articulação entre Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na solução dos
problemas de comportamento e de aprendizagem. (BOSSA, 2011 p.57)
O
termo Psicopedagogia curativa, adotado por Janine Mery, é usado para
caracterizar uma ação terapêutica que considera aspectos pedagógicos e
psicológicos no tratamento de crianças que apresentam fracasso escolar. Segundo
essa autora, tais crianças “experimentam dificuldades ou demonstram lentidão em
relação aos seus colegas no que diz respeito às aquisições escolares”
(MERY,1985,p.16)
Janine
Mery (1985, p. 11), ao fazer um levantamento dos autores que se preocuparam com
o assunto, aponta o século XIX como aquele em que teve início o interesse por
compreender e atender portadores de deficiências sensoriais, debilidade mental
e outros problemas que comprometessem a aprendizagem. Segundo essa autora, no
final do século XIX, educadores como Itard, Pereire, Pestalozzi e Seguin
começaram a se dedicar às crianças que apresentavam problemas de aprendizagem
em razão de vários tipos de distúrbios.
Ainda,
em fins do século XIX, foi formada uma equipe médico – pedagógica pelo educador
Seguin e pelo médico psiquiatra Esquirol. A partir daí, a neuropsiquiatria
infantil passou a se ocupar dos problemas neurológicos que afetam a
aprendizagem (cf. MERY, 1985,p.11) Nessa mesma época, Maria Montessori,
psiquiatra italiana, criou um método de aprendizagem destinado inicialmente às
crianças retardadas. Posteriormente, o método Montessori foi estendido a todas
as crianças, sendo hoje utilizado em muitas escolas. Sua principal preocupação
está na educação da vontade e na alfabetização, via estimulação dos órgãos dos
sentidos – sendo por isso classificado como sensorial. ( cf. MONTESSORI, 1954)
3-APRESENTAÇÃO.
Estágio
Supervisionado de Prática Psicopedagógica Clínica, do curso de Pós- Graduação
Lato Senso em Psicopedagogia Clínica e Institucional da Faculdade Pio Décimo.
Para obtermos uma experiência prática aplicada em grande parte os fundamentos
teóricos aprendidos ao longo do curso. O Estágio foi realizado em uma escola da
Rede Particular de ensino – P.S.J. Localizado em Aracaju Sergipe. Nosso
relatório baseou-se em um estudo de caso de uma criança com nove anos de idade,
que cursa o 3ª ano do Ensino Fundamental com problema de aprendizado escolar e
repetente da mesma. A avaliação Psicopedagógica contou com sessões diagnósticas
formal. A anamnese possibilitou a integração das dimensões de passado, presente
e futuro do paciente. Procuramos conviver e observar uma forma de direcionar a
prática Psicopedagógica em uma ação sustentada em teóricos, que contribuem para
o desenvolvimento e apreciação do Estágio.
Pensando
assim, cabe ao psicopedagogo uma postura investigativa através de uma escuta e
de um olhar que lhe permitirão diagnosticar os “comos” e os “porquês” da não
aprendizagem, conduzindo-o a uma intervenção que auxilie no resgate do desejo e
do aprender, entendendo o sujeito como a articulação entre corpo, organismo,
inteligência e desejo.[10]
Fernandez
(1991) alerta sobre a atitude clínica, referenciando o olhar, o escutar e o
traduzir, considerando os quatros níveis implicados no aprender: corpo,
inteligência, organismo e desejo, pois, “antes de precisar o tipo de olhar,
quero situar o lugar de onde olhar, somente do espaço transicional, de jogo,
confiança e criatividade, poderá gestar-se o olhar psicopedagógico clínico” (1991,
p. 124).[11]
Se
entendermos a aprendizagem como um processo profundamente social, que deve
focalizar formas emergentes de aprender, então não se trata mais de propor uma
instrução programada, muitas vezes mecanizada e restrita apenas às
dificuldades. Trata-se, sim, de apostar nas capacidades das crianças, propondo
um tipo de trabalho que considere mais suas qualidades do que seus defeitos.[12]
4- REGISTROS DA QUEIXA. A
queixa constitui-se de uma reclamação, de um sintoma, de algo que não vai bem
com o sujeito, neste caso, com seu processo de aprendizagem.
QUEIXA:
comportamento de timidez na sala de aula, sem muita interação com os colegas,
não consegue ler e escrever corretamente para sua faixa etária, repetente da
mesma escola. Tem problema de concentração e raciocínio lento, faz as
atividades sem interesse, não participa de trabalhos em grupos.
D.C.,tem
9 anos de idade, está cursando 3º ano do Ensino Fundamental, estuda no turno
vespertino em uma escola da rede particular da cidade de Aracaju/SE. A
professora C.N. apresenta a seguinte queixa: D.C. tem apresentado comportamento
de timidez na sala de aula, sem muita interação com os colegas, não consegue
ler e escrever corretamente para a sua faixa etária, repetente da mesma escola,
já teve acompanhamento Psicopedagógico (sem êxito). Tem problema de
concentração e raciocínio lento, faz as atividades sem interesse, não participa
de trabalhos em grupos. É uma criança pouco organizada com seus materiais, fica
sempre sem ação, sem acompanhar o ritmo dos colegas da sua idade. Pega no lápis
de modo diferente preensão inadequada e com muita força para escrever. Não
pergunta quando não entende, é sempre distraído. A família de D. não tem
nenhuma preocupação com o seu aprendizado, falta muito as aulas sem nenhum
comunicado e satisfação.
5- ANAMNESE. No
âmbito da Psicopedagogia, a anamnese refere-se a uma entrevista realizada com
os pais com intuito de investigar e reunir dados que dizem respeito à história
de vida do sujeito que está sendo avaliado. História de vida que engloba desde
o momento da concepção até os dias atuais. Nesta investigação não se pretende
classificar o paciente em determinadas categorias nosológicas, mas sim obter
uma compreensão global da sua forma de aprender e dos desvios que estão
ocorrendo nesse processo. Busca-se organizar os dados obtidos em relação à sua
vida biológica, intrapsíquica e social de forma única, pessoal.[13]
Foi
realizada a anamnese do aprendente D.C. em duas sessões com intuito de coletar
informações sobre os seguintes aspectos: antecedentes familiares,
desenvolvimento infantil, desenvolvimento sócio-efetivo e as etapas de
desenvolvimento do aprendente desde a gravidez até o estágio atual. Em todo
momento da entrevista a mãe de D. foi acessível e bastante agradável conosco. A
relação familiar do aprendente: ele reside com a mãe, um irmão e uma irmã, a
avó e uma tia. O pai mora em casa separada. D. iniciou a vida escolar muito
cedo com 1 ano e oito meses e hoje está enfrentando dificuldades de
aprendizagem com baixo rendimento escolar. Durante a gestação a mãe de D. não
teve problemas, mas no parto assim que ele nasceu demorou um pouco a reagir e a
chorar, houve estímulos para haver reação. A mãe se sentiu mal logo após o parto.
D. nasceu com uma deficiência respiratória e até os dias atuais toma
medicamentos para asma. O medicamento o faz ficar um pouco inerte, dorme
bastante e o sono é agitado. Foi amamentado até os três meses, a mãe teve que
parar de amamentar porque a filha mais velha ficou doente, hoje D. não se
alimenta bem e seu físico não é proporcional a sua idade. A mãe fala que ele é
um menino muito nervoso e se irrita com qualquer coisa. E que é muito duro para
ajudar o filho, pois ela tem que trabalhar como professora em um colégio
público e deixa o filho sem orientação devida, dizendo que gostaria de fazer
mais pelo filho, mas não tem condição e que faz o que pode.
6-DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES
REALIZADAS.
AVALIAÇÃO COM O ALUNO. EM 04/04/2013
A
primeira entrevista com o aluno foi com o objetivo de compreender a queixa, e
criar um vínculo de confiança entre as terapeutas e o paciente. Perguntamos
sobre a sua vida escolar, social e emocional. Vida escolar: se ele gosta da
escola, do que mais gosta na escola e o que não gosta, se gosta da professora,
se gosta de ir para escola ou ficar em casa. Vida social: o que faz quando não
está na escola, o que mais gosta de fazer, com quem brinca, o que faz nos fins
de semana e se gosta de ver TV. Qual é o nome da sua mãe e do seu pai? O que
sua mãe faz? O que seu pai faz? Você tem irmão? Qual o nome deles? Você mora
com quem? Como é a vida em sua casa? Quem cuida de você quando não está na
escola?
1ª PRIMEIRA SESSÃO –
ENTREVISTA OPERATÓRIA CENTRADA NA
APRENDIZAGEM (EOCA).
O
nosso objetivo da primeira sessão foi estudar as manifestações cognitivas
afetivos de D., o que podem estar interferindo em seu processo de aprendizagem,
usamos os recursos de avaliação
diagnostica formulado pelo professor Argentino Jorge Visca institulado de Entrevista
Operatória Centrada na Aprendizagem (EOCA). No primeiro momento explicamos a D.
o que seria feito dizendo: “esse material foi todo preparado para você mostrar
o que você aprendeu na escola, e o que você sabe fazer”. Ele olhou em silêncio,
pegou o lápis sem ponta, nos mostrou sem falar nada, e perguntamos a ele o que
devemos fazer? Pedimos para ele procurar na caixa o objeto de fazer a ponta,
achou, levantou-se e foi fazer a ponta. Voltando tirou todo material da caixa,
olhando e colocando fora da caixa sem falar nada. Manteve-se concentrado nos
materiais, continuou calado e não solicitou a nossa participação. Pegou um livro
de historinha e folheou, mostrava que estava lendo começando a ler no meio do
livro, a estagiaria lhe perguntou se ele leu a história. No percurso das
atividades demonstrou pouca concentração, e muita rapidez para acabar logo.
Verificamos que D. apresenta características de disgrafia motora[14]
em relação a escrita, letras desorganizadas, traços fortes ao escrever, a letra
é ilegível e não possui orientação espacial. A criança consegue falar e ler,
mas encontra dificuldades na coordenação motora fina para escrever as letras.
Em
resumo, durante a aplicação do EOCA, observamos através do comportamento de D. aspectos
relativos à temática, a dinâmica, ao produto, a dimensão afetiva e a dimensão cognitiva
do avaliado.
Temática:
Não possui atitudes esperadas para uma criança de sua faixa etária, sempre
respondendo excentricamente.
Conteúdo
manifesto: Não demonstra capacidade de realizar tarefas sem ser solicitado e
orientado.
Conteúdo
Latente: Não tem comportamento esperado para uma criança de sua faixa etária.
Necessita
de muita compreensão.
Dinâmica:
Sentado, deitado e se mexendo muito. Muito tímido e tem um comportamento de
muito apreensivo.
Produto:
Desenho sem riqueza de detalhes para sua faixa etária, não explorou todo
material apresentado, prefere usar material já conhecido. Desorganizado com os
materiais, não colocou de volta na caixa.
Dimensão
afetiva: Para fazer qualquer atividade precisa receber ordens de alguém,
explicando o que deve ser feito. Não tem boa coordenação motora, desenhou e descreveu.
Demonstrou pouca incapacidade intelectual.
Necessita
de estímulos diretivos que indiquem o que deve fazer e como fazer. Não tem iniciativa.
Nível
Pedagógico: Leitura silabada com retrocessos, não respeita a pontuação,
compreende somente as palavras, não percebe o significado do texto.
Na
escrita pula as letras. O nível pedagógico está bastante á baixo de sua
escolaridade, sua produção corresponde ao nível do primeiro ano.
Baixo
nível de atenção, dificuldade na concentração.
HIPÓTESES:
Conforme
(CHAMAT 2004 P.78) o sujeito não cria algo novo, repete conhecimentos
adquiridos anteriormente, utilizando esquemas de pensamento empobrecidos, demonstrando
falta de envolvimento com o objeto de aprendizagem e, consequentemente, com o
conhecimento e com quem o transmite. Uma modalidade Hipoassimilativa/Hipoacomodativa
é criança com deficiência intelectual em grau leve, não foi estimulada
adequadamente.
Tem obstáculo epistemológico (segundo a
CHAMAT são obstáculos de fora do sujeito, ou seja, algo ou alguém que possa
estar impedindo o sujeito de aprender).
2ª
SESSÃO –
A HORA DO JOGO-Fundamentação Teórica da Hora do Jogo
O
jogo, indiscutivelmente, não só pode mostrar características cognitivas e
afetivas do paciente, como também é utilizado por ele para se apropriar do
objeto de conhecimento desejado. Os jogos e brincadeiras cotidianos no mundo
infantil fazem parte do instrumental necessário para se aproximar do mundo
adulto, das dúvidas e das angústias.[15]
Na
Clínica Psicopedagógica, a hora do jogo vai permitir a análise de como o
paciente se aproxima do desconhecido e se apropria, ou não, dele. Qual a
modalidade de contatar com o não saber e qual a atitude gerada pela
conscientização dessa falta.
O
material usado, é bastante comum, é colocado numa caixa com tampa objetos como:
lápis coloridos, giz de cera, canetinhas, lápis preto, borracha, régua,
apontador, quebra-cabeça, jogos de encaixar, barbante, tesoura, caixinhas
fechadas, cola, durex, papel colorido, papel sulfite, revistas e livros de
historinhas.
Cabe ao psicopedagogo, então observar o
paciente, suas reações, o processo pelo qual ele se apropria, ou não do
material e constrói, ou não, um novo objeto, isto é como se dá o processo de
equilibração,como ele interage, assimila, e acomoda.
A consigna é a seguinte: “Aqui está uma
caixa com muitas coisas e você pode brincar com tudo o que quiser; enquanto
isso, eu vou anotar o que você vai fazendo. Um pouco antes de terminar vou te
avisar” Geralmente procura-se fazer uma sessão de 50 a 60 minutos de duração.
Recursos disponibilizados: Caixa hora do jogo com tampa separável.
Tapete com estampa de letras e números, quebra cabeça mapa do Brasil, quebra
cabeça corpo humano, quebra cabeça relógio, quebra cabeça trem, quebra cabeça
letras e números, quebra cabeça figura Disney, jogo da memória tabuada, jogo da
memória hábitos de higiene, cubo mágico, baralho, pega vareta, lousa mágica,
coleção de carrinho, bloquinhos de construção, dominó de frutas, racha cuca,
ursinhos de pelúcia.
Execução:
Não
tem postura adequada, brinca com as miniaturas e com os blocos de madeira,
criando um arco tipo viaduto, desmancha e faz uma escada. Abre a embalagem do
quebra cabeça de trem, diz que não sabia que era um quebra cabeça, tenta montar
no ar, quando solicitado tenta montar no chão. Depois tenta montar na própria
embalagem do quebra cabeça. Monta com perfeição.
Síntese:
Foi até a caixa, olhou suavemente o que tinha dentro dela e começa a manipular
tudo que tem dentro da caixa. Inicialmente D. ficou parado por alguns instantes
com muita timidez, então começou a retirar tudo que tinha dentro da caixa, o
que lhe interessava, ficava olhando em detalhes e finalmente ficou manipulando
por um tempo os jogos .Percebemos algumas características da modalidade de
aprendizagem hiopoassimilativa e hiperacomodativa pois não tem vinculo com a
aprendizagem.D. gosta muito de jogos e de brincadeiras.
PROVAS
PROJETIVAS.
As provas projetivas formuladas por Jorge Visca
objetivam verificar a rede de vínculos que o sujeito possui diante de três
domínios distintos: familiar, escolar e consigo mesmo.
O material utilizado consiste em folha de papel
sulfite, lápis e borracha. Cabe ao Psicopedagogo solicitar ao sujeito que
efetue o desenho.
3ª
SESSÃO –
DESENHO LIVRE
Objetivo: Analisar
os vínculos afetivos, desenvolvimento motor e cognitivo.
Recursos
disponibilizados: lápis novo sem ponta, apontador,
borracha, régua, caneta, folhas A4 coloridas, lápis de cor (madeira, cera e
álcool).
Consigna:
Pedimos
para D. desenhar o que quiser. Depois de executado o desenho pedimos para ele
contar a historia e escrever o que desenhou.
Execução:
Ele
desenhou a seguinte seqüência: casa com porta e antena parabólica; prédio médio
com janelas e antena parabólica; prédio pequeno com janelas e antena
parabólica; casa com antena parabólica, telhado duplo e porta; prédio alto com
janelas, antena parabólica e para raio, casa com janela, porta e antena
parabólica; céu azul e duas nuvens transparentes. Escreveu: “É uma cidade e está à tarde”
Observação: Desenhou na horizontal; a postura é adequada;
utiliza lápis de cor de madeira na cor azul claro; usa folha A4 azul, lápis,
apontador (faz a ponta do lápis na cadeira, joga o lixo no chão) e borracha;
faz pressão no lápis, não deixa o verso da folha marcado; preensão
incorreta, braço curvo; desenha formas
geométricas, como círculo, quadrado e retângulo; esquece principalmente de
colocar o sol indicando que é dia; não coloca personagens; o tamanho total do
desenho é grande, ocupando toda a folha; o tamanho dos objetos é pequeno e
médio; o distanciamento dos objetos é próximo; a posição do desenho na folha é
expandido; não se recusa a desenhar, diz que não sabe desenhar muito mesmo sendo
filho de artista plástico; depois de entregar pede duas vezes para aperfeiçoar,
em uma coloca nuvens e na outra pinta o céu de azul; em nenhum
momento foi representado algo referente à aprendizagem. Relatou que fez o
dia com um céu azul e nuvens em uma cidade, casas com antenas parabólicas,
prédios com janelas, antenas parabólicas com uma luz que não sabe o nome (para
raio), mas sebe que serve para os aviões não bater nos prédios. Escreveu um pouco abaixo do lado
superior do verso da folha, faz a letra “é” cursiva minúscula em tamanho grande
para indicar maiúscula, coloca quatro pernas na letra “n”, escreve a letra “e”
com ponto para indicar a letra “i”, não acentua a palavra “está” e a letra “à”,
não faz linha ou usa régua antes de escrever; má coordenação fina, letras de
tamanhos diferentes na mesma palavra; usa sinal de pontuação.
4ª
SESSÃO –
OS QUATRO MOMENTOS DE UM DIA.
Objetivo: Analisar
os vínculos afetivos, limites, rotina, desenvolvimento motor e cognitivo.
Recursos
disponibilizados: lápis novo sem ponta, apontador,
borracha, régua, caneta, folhas A4 coloridas, lápis de cor (madeira, cera e
álcool).
Consigna:
Pedimos
para D. nos observar dobrando o papel em quatro partes, e fazer igual bem
diretinho sem amassar, tentou várias vezes, e pediu para que repetisse. Pedimos
para que ele escolhesse o material e desenhasse em cada espaço marcado pela
dobra, os quatro momentos de seu dia, mostrando coisas que costuma fazer
sempre. Depois de executado o desenho pedimos para ele contar a historia.
Execução:
Ele
desenhou a seguinte seqüência:
1- Jogando bola com os amigos
2- Soltando pipa
3- Viajando de avião
4- Na piscina
Observação: Recebe a folha na vertical e antes de começar o
desenho, vira a folha para a horizontal; a postura é inadequada; não utiliza
cores; usa apenas folha A4 branca, lápis, apontador e borracha; faz pressão no
lápis, deixando o verso da folha marcado; preensão incorreta, braço curvo; desenha formas geométricas, como círculo, quadrado
e retângulo; esquece principalmente de colocar olhos e boca em alguns
personagens; o tamanho total do desenho é grande, ocupando toda a folha; o
tamanho dos personagens é pequeno, até menor que os objetos; o distanciamento
dos personagens é próximo; a posição do desenho na folha é central lateralizado,
horas voltado para um dos lados, outras para o centro da folha; não se recusa a
desenhar; o desenho não condiz com o que é pedido, em nenhum
momento foi representado algo referente à aprendizagem, limites e rotina. Relatou que estava jogando bola com os amigos, soltando pipa com o pai (desenhou a
pipa maior que ele e não desenhou o pai), viajando de avião com o pai e a mãe
(não desenhou ele, o pai e a mãe), na piscina com a mãe (não desenhou a mãe).
Síntese:
D. necessitou repetir algumas vezes para conseguir dobrar a folha, demonstrando
que não tem uma percepção detalhada dos acontecimentos. Percebemos que ele não tem
vinculo com a aprendizagem, bem como limites e regras, pois desenhou apenas
momentos de laser.
5ª
SESSÃO –
PAR EDUCATIVO.
Objetivo: Verificar
como se dá a relação entre quem ensina, quem aprende e o objeto do
conhecimento.
Recursos
disponibilizados: lápis novo sem ponta, apontador,
borracha, régua, caneta, folhas A4 coloridas, lápis de cor (madeira, cera e
álcool).
Consigna:
Pedimos
para D. desenhar alguém aprendendo alguma coisa. Depois de executado o desenho
pedimos para ele contar a historia e escrever o que desenhou.
Execução:
Ele
desenhou a seguinte seqüência: sala de aula do 3° ano; na lateral esquerda,
porta (pintada de verde) com fechadura e palavra “saída” e “3° ano”, duas
fileiras de cadeiras (pintadas de azul), uma com cinco e outra com seis, ele
sentado na primeira cadeira; ao centro quadro escrito com rabiscos de ondas e
desenho de um carro; na lateral direita birô com livros (pintado na cor rosa),
uma mulher com a mão levantada, uma janela (pintada na cor verde) com
fechadura; na lateral sala de aula do 2° ano vazia; na lateral inferior, porta
com a palavra “saída” e “2° ano”; na lateral direita, uma prancha. Escreveu: “Eu estou na sala de aula com
meus colegas escrevendo no quadro o que está escrito que a professora escreveu
no quadro”
Observação: Desenhou na horizontal; escreveu na horizontal e na
vertical; a postura é adequada; utiliza lápis de cor de madeira nas
cores verde claro, azul claro e rosa; usa folha A4 verde, régua, lápis e
borracha; faz pressão no lápis, não deixa o verso da folha marcado; preensão
incorreta, braço curvo; desenha formas geométricas, como círculo para fazer
as cabeças e as fechaduras das portas, triângulo para fazer detalhes da prancha
de surf e retângulo para fazer o quadro, as portas, o birô, e detalhes da
prancha de surf; esquece principalmente de colocar alguma coisa dento da sala
do 2° ano; coloca personagens; coloca o seu nome indicando sua posição; o
tamanho total do desenho é grande, ocupando toda a folha; o tamanho dos objetos
e personagens é pequeno e médio; o distanciamento dos objetos é próximo; a
posição do desenho na folha é expandido; não se recusa a desenhar. Relatou que estava
na sala de aula, sentado na cadeira da frente ao lado do colega “M”, e com os
colegas escrevendo no caderno o que a professora escreveu no quadro. Escreveu do lado superior esquerdo do
verso da folha; escreve junto a palavra “comeus” para indicar “com meus”; acrescenta
a letra “a” em “coleagas” para indicar “colegas”; antes de escrever usa a régua
para fazer linhas inclinadas para o canto inferior direito da folha; má
coordenação fina, letras de tamanhos diferentes na mesma palavra; usa sinal de
pontuação
Síntese: O
desenho mostra vínculo negativo com a aprendizagem, pois as portas das salas
estão fechadas, transparecendo não existir vínculos com a educação e o
cotidiano; a professora está com o braço levantado, demonstrando autoritarismo,
que possivelmente cause um bloqueio e falta de interação; a prancha, o quadro
com rabiscos e desenhos, demonstra mais uma vez sua relação com a brincadeira,
e a falta de comprometimento com os estudos.
6ª
SESSÃO –
FAMÍLIA EDUCATIVA
Objetivo: Solicita-se
o desenho da família enfatizando o que cada elemento dela sabe fazer.
Recursos
disponibilizados: lápis novo sem ponta, apontador,
borracha, régua, caneta, folhas A4 coloridas, lápis de cor (madeira, cera e
álcool).
Consigna:
Pedimos
para D. desenhar sua família fazendo o que cada um sabe fazer, colocar o nome e
a idade de cada um. Depois de executado o desenho pedimos para ele contar a
historia e escrever o que desenhou.
Execução:
Ele
desenhou a seguinte seqüência: o pai “T”, 39, em pé com algo na mão, ao lado de
amigo sentado em uma cadeira de costas para ele, 44; a mãe “S”, 51, em pé ao
lado de um objeto; ele, 9, em pé em um brinquedo de duas rodas; o irmão “P”,
19, em pé segurando um objeto; a irmã “N”, 20, em pé ao lado de um objeto
quadrado.
Escreveu: “Meu pai
está fazendo tatuagem Minha mãe está cozinhando Eu estou andando de SKATE Meu
irmão está Surfando Minha irmã está estudando para trabalhar”
Observação: Desenhou na horizontal; escreveu na horizontal; a
postura é adequada; não utiliza lápis de cor; usa folha A4 branca, régua, lápis
e borracha; faz pressão no lápis, deixa o verso da folha marcado; preensão
incorreta, braço curvo; desenha
formas geométricas, como círculo para representar as cabeças, quadrado para
representar a mesa e retângulo para representar o fogão; esquece principalmente de colocar olhos, nariz, boca, pés e mãos
nos personagens; coloca nome e idade de cada um; o tamanho total do desenho é
pequeno, ocupando o lado inferior da folha; o tamanho dos objetos e personagens
é pequeno; os personagens estão distantes; a posição do desenho na folha é
central; não se recusa a desenhar. Com exceção do amigo da
família, todos executam e conhecem a atividade representada, sendo que o pai e
a irmã realizam atividade profissional, a irmã realiza simultaneamente duas
atividades, a mãe e o pai fazem a atividade no lar, e os demais fora do lar.
Não demonstram possuir vínculos entre si, as atividades são feitas
individualmente, estão em meio e a frente do processo da execução de cada
atividade. Não demonstra ter conhecimento aprofundado sobre as atividades
realizadas, exceto andar de skate e surfar. Relatou que o pai “T” tem 39 anos e estava com uma máquina de
tatuagem na mão, fazendo tatuagem no amigo, disse não saber o nome do amigo do
pai, mas sabe que ele tem 44 anos e faz parte da família porque sempre vai a
casa dele; a mãe “S” tem 51 anos e estava cozinhando no fogão; ele tem 9 anos e
estava andando de skate; o irmão “P” tem 19 anos e está surfando com uma
prancha; a irmã “N” tem 20 anos e está estudando em uma mesa com cadeira para
depois ir trabalhar; não desenhou a avó porque ela mora com a tia em uma casa,
ele mora em um apartamento com o pai, a mãe, o irmão e a irmã (não condiz com o
relato da mãe na anamnese, que afirmou morar com a mãe, os dois filhos e a filha,
a irmã vem visitar de vez enquanto, e o esposo mora temporariamente em outra
casa para cuidar de uma criação de animais).
Escreveu do lado superior
esquerdo da folha, acima do desenho; a letra “M” maiúscula cursiva com uma
perna e meia assemelhando-se a letra “N” maiúscula cursiva; a palavra “conzinhando” com acréscimo da
letra “n” para indicar “cozinhando”; a palavra
“SKATE” em letras bastão no final da frase; usa a letra “S” maiúscula no
início da palavra “Surfando” no final da frase;
a palvra “irman” com acréscimo da letra “n” e ausência de acentuação
“til” para indicar “irmã”; usa a régua para fazer as linhas das pernas dos
personagens; má coordenação fina, letras de tamanhos diferentes na mesma
palavra; não utiliza pontuação.
Síntese: Mais uma
vez o desenho mostra vínculo negativo com a aprendizagem, pois os membros da
família não interagem entre si, executando cada um a sua atividade
isoladamente, sem nunca ensinar nada, parecem viver independentemente de um
grupo familiar, sem estímulo e aprendizagem.
7ª- SESSÃO EM: – TESTE GÁFICO A
FAMÍLIA CINÉTICA.
Objetivo: Analisar
os vínculos estabelecidos entre os membros dessa família e verificar como se dá
a circulação e a apropriação do conhecimento.
Recursos
disponibilizados: lápis novo sem ponta, apontador,
borracha, régua, caneta, folhas A4 coloridas, lápis de cor (madeira, cera e
álcool).
Consigna:
Pedimos
para D. desenhar uma família (que poderia ser a dele ou não) fazendo alguma
coisa, colocar o nome e a idade de cada um. Depois de executado o desenho
pedimos para ele contar a historia e escrever o que desenhou.
Execução: Ele
desenhou a seguinte seqüência: ele, 9, sentado no sofá ao lado da mãe “S”, 51,
e do pai “T”, 39; um sofá vazio em frente; uma TV ligada com antena, entre os
dois sofás sobre um suporte, na imagem um personagem com as mãos para o alto e
três bolinhas flutuantes. Escreveu: “A
Gente está assistindo televisão de malabarista”
Observação: Desenhou na vertical; escreveu na horizontal; a
postura é adequada; não utiliza lápis de cor; usa folha A4 verde, régua, lápis
e borracha; faz pressão no lápis, não deixa o verso da folha marcado; preensão
incorreta, braço curvo; desenha formas
geométricas, como círculo, triângulo, quadrado e retângulo; esquece
principalmente de colocar olhos, nariz, boca, pés e mãos nos personagens;
coloca nome e idade de cada um; o tamanho total do desenho é médio, ocupando a
lateral inferior direita da folha; o tamanho dos objetos é médio e dos
personagens é pequeno; os personagens estão próximos; a posição do desenho na
folha é lateral direita; não se recusa a desenhar. Todos estão em meio
ao processo, fazendo algo em comum no lar, que é assistir a televisão. Nesta
situação não é necessário a integração de todos os membros da família para a
realização da tarefa. O cachorro da família, o irmão e a irmã não aparecem no
desenho. Relatou que ele tem 9
anos, e está sentado no sofá com a mãe “S”, que tem 51 anos, e com o pai
“T”, que tem 39 anos, e estão assistindo malabares na televisão; se alguém sair
não vai fazer falta, mas se o pai demorar muito a voltar, vai fazer falta. Escreveu
do lado superior central da folha, acima do desenho; coloca na segunda palavra
da frase a letra maiúscula bastão “G”; usa a régua para fazer o sofá, a antena,
a televisão e o suporte; má coordenação fina, letras de tamanhos diferentes na
mesma palavra; não utiliza pontuação.
Síntese:
O desenho da família foi feito, não com todos os personagens, ele exclui o
irmão e a irmã e perguntamos a razão de os irmãos não estar no desenho à resposta
foi o seguinte: Não estão em casa. Utilizou muito a borracha nos desenhos,
presumimos que D. parece ter dúvidas sobre o papel que lhe cabe nessa
família.Esta situação nos remete que
existe uma dificuldade de interação familiar e principalmente entre os
dois irmãos mais velhos, que ele não fala nada sobre os irmão, e quando falava
era simplesmente sim ou não.
Dois
conflitos dominantes na infância se revelam especialmente nesta prova: os
conflitos de rivalidade fraterna e os conflitos edípos. Segundo Corman,
O
interesse do desenho de uma família reside precisamente nisto: ao nos permitir
apreciar a situação que uma criança se atribui entre os seus, a índole das
relações que mantém “no coração” com seus irmãos e irmãs e com seus pais, em
muito caso nos permite tocar com o dedo as motivações profundas de sua conduta,
especialmente quando é patológica. (BOSSA 2011 p.72. Apud CORMAN 1967, p.60)
PROVAS OPERATÓRIAS
Piaget não se
preocupava, em seus trabalhos, em estudar o sujeito individual, com suas peculiaridades,
mas sim o sujeito epistêmico. Juntamente com colaboradores desenvolveu vários
instrumentos destinados a avaliar as aquisições da inteligência lógica – as
chamadas provas operatórias, que permitem detectar o nível operatório do
sujeito.
Este nível é inferido pelo experimentador a
partir da critica ao julgamento e argumentação do sujeito frente aos problemas
colocados. (CHAKUR, 2002 p. 7)
Essas sessões tiveram como
objetivo a investigação das estruturas cognitivas, foram utilizadas com o
aprendente para analisar em que medida as informações obtidas, permitiriam
complementar o diagnóstico.
8ª
SESSÃO –
CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE
MATÉRIA
Objetivo: Avaliar a noção de quantidade
da matéria. Entender que a matéria continua a mesma após a transformação.
Consigna: Qual será que tem mais massa?
Recursos:
-
2 bolas de massas de modelar de cores diferentes.
Execução:
Não
conservação. Nível I, corresponde á etapa intuitiva global (entre 5-6 anos). Os
juízos da criança deste nível, em cada uma das transformações estão dirigidos a
que uma das quantidades é maior, ex: "a mais na salsicha porque é mais
comprida". Frente aos contra argumentos, o experimentador é quem chama a
atenção da criança na dimensão não percebida; ex: o comprimento da salsicha. A
criança ora mantém seu juízo, ora alega que uma tem maior quantidade. Quando a
igualdade inicial de quantidade é relembrada, não há mudança no juízo da
criança. Neste nível, o problema de "retorno empírico", a
reversibilidade, pode ou não ser resolvido corretamente.
9ª
SESSÃO –
CONSERVAÇÃO DE COMPRIMENTO
Objetivo:
Noção de conservação de comprimento. Constatar a desigualdade dos fios.
Consigna: Qual será que tem mais
distância?
Recursos:
-
2 barbantes de diferentes comprimentos.
Execução:
Conservação. Nível III,
corresponde á etapa operatória (a partir de 8 anos). O comprimento é conservado
em cada uma das situações e os juízos são acompanhados de uma ou várias das
justificativas seguintes (argumentos):
- argumento de identidade:
"quem vai pela reta chega primeiro";
- argumento de reversibilidade:
"se for pelo caminho mais longo vai demorar mais para chegar";
- argumento de compensação:
"este caminho termina antes porque está cheio de curvas mas é mais longo".
10ª
SESSÃO –
INTERSECÇÃO DE CLASSES
Objetivo: Compreensão da inclusão e
intersecção dos objetos contidos nos círculos.
Consigna: Qual é a cor e qual tem mais?
Recursos:
-
5 fichas redondas azuis
-
5 fichas redondas amarelas
-
5 fichas quadradas azuis
-
1 folha de cartolina ou papel E.V.A. com o desenho de dois círculos em
intersecção, sendo um preto e outro verde, delimitando três partes, sendo
que a do meio é comum aos 2 círculos.
Execução:
Não-conservação.
Nível I, corresponde á etapa intuitiva global (entre 4-5 anos). A criança é
capaz de constatar com acerto as perguntas que recaem sobre as classes não
relacionadas, mas ainda não pode compreender as perguntas referentes à inclusão
e à intersecção. Tampouco tem êxito nas
perguntas suplementares porque não leva em conta o conteúdo da intersecção. Diz
que o que há no círculo verde são as redondas azuis, e o que há no círculo
preto são as quadradas azuis, não sabe o que está no meio, fala que tudo é
igual e que tem a mesma quantidade.
11ª
SESSÃO –
CLASSIFICAÇÃO DA QUANTIDADE DE
INCLUSÃO DAS CLASSES
Objetivo: Comparar o número de
elementos de uma subclasse ao de uma classe mais geral na qual ela está
inclusa.
Consigna: O que há mais, qual é maior,
este elemento pertence à classe?
Recursos:
-
1 ramo com 10 margaridas
-
3 rosas vermelhas
Execução:
Não-conservação.
Nível I corresponde á etapa intuitiva global (entre 5-6 anos). Ausência da
quantificação da inclusão. A criança se mostrou incapaz de comparar o número de
elemento de uma sub-classe com o de uma classe mais geral em que está incluída;
procede sistematicamente à comparação das sub-classes e responde, então que há
mais margaridas do que flores. Fracassa nas perguntas sobre a subtração das
sub-classes, diz que as rosas não são flores e as margaridas são flores, fala
que tem dez margaridas e poucas flores.
12ª
SESSÃO –
CONSERVAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DA
QUANTIDADE DE LÍQUIDOS
Objetivos:
Avaliar a noção de conservação de quantidade. Entender que a quantidade
continua a mesma apesar das transformações espaciais.
Consigna: Qual será que tem mais
bebida?
Recursos:
-
2 copos iguais da mesma altura
-
1 copo mais estreito e mais alto
-
1 copo mais largo e mais baixo
-
4 copinhos iguais, que contém cada um ¼ do volume de 1 dos copos iguais da
mesma altura
-
1 garrafa com água colorida com uma cor de anilina
-
1 garrafa com água colorida com outra cor de anilina
Execução:
Condutas
intermediárias. Nível II, corresponde á etapa intuitiva articulada. Alteram-se
os juízos de conservação e não conservação nos diversos transvasamentos. Julga que a quantidade é igual nas
garrafinhas, mas que quando têm vários copos, o copo é mais alto ou mais largo
a quantidade é maior, e que quando é mais baixo e mais estreito a quantidade é
menor.
13ª
SESSÃO –
SERIAÇÃO
Objetivo: Verificar a aquisição de seriação
operatória.
Consigna: O que é crescente, onde se
encaixa o palito p, qual é o palito p?
Recursos:
-
Uma série de 10 palitos quadrados graduados
-
1 palito “P” para intercalar, deve ser marcado com um ponto em uma das
extremidades.
-
1 anteparo, pode utilizar um livro ou uma tampa de caixa.
Execução:
Conservação.
Nível III, corresponde á etapa operatória (entre 6-7 anos). A criança consegue, neste nível, facilmente a seriação (com ou sem
anteparo), utilizando um método sistemático, que consiste em buscar,
primeiramente, entre todos os elementos, o menor, depois, o menor entre os que
restam e assim sucessivamente até completar a série (quando esta é em ordem
crescente). Primeiro ele começou a arrumar tudo em ordem crescente, para depois
entregar sob o anteparo, localizando o palito “p” sem dificuldade. Este método
responde a um esquema propriamente operatório, pois dá testemunho de um
critério reversível, quer dizer, a criança considera que um elemento qualquer
é, ao mesmo tempo, maior que os precedentes e menor que os seguintes. Neste
nível, a criança consegue facilmente a inclusão de um elemento ausente (segundo
momento da prova) ou a inclusão de outros elementos, como é o caso do palito
“P”.
7- ANÁLISES DO DIAGNÓTICO
O
aprender transcorre no seio de um vínculo humano cuja matriz toma forma nos
primeiros vínculos mãe-pai-filhos-irmãos, pois a prematuridade humana impõe a
outro semelhante adulto para que a criança, aprendendo e crescendo,possa viver.
A
aprendizagem é um processo cuja matriz é vincular e lúdica e sua raiz corporal;
seu desdobramento criativo põe-se em jogo através da articulação inteligência –
desejo e do equilíbrio assimilação – acomodação. No humano, a aprendizagem
funciona do instinto. Para dar conta das fraturas no aprender, necessitamos
atender aos processos (à dinâmica, ao movimento, às tendências) e não aos
resultados ou rendimentos (sejam escolares ou psicométricos).
Somente
observando como aprende, como joga a criança, e em seguida qual é a
originalidade de seu fracasso (a partir do qual diferencia como sujeito),
estaremos no caminho de elucidar por que ela não aprende.(FERNÁNDEZ 1991 p.48)
Durante
o período destinado as sessões de atendimento para com D.. obsevamos e anotamos
todo procedimento, para melhor entendermos, sobre o relacionamento de questões
de cunho afetivo, ,cognitivo, emocional e pedagógico.
Do
ponto de vista afetivo demonstra condições inadequadas de relacionamento: O
caso de D. vem ilustrar a problemática nas relações familiares observado nas provas projetivas onde
os vínculos com o aprender são deficitários, uma vez que as pessoas não interagem entre si fazendo as coisas de forma isolada. Embora a mãe revele afetividade ela mantém o filho
infantilizado satisfazendo todas as suas vontades. Essa conduta afeta seu
emocional contribuindo para que ele apresente
dificuldade em lidar com frustração, e na sua autonomia, interferindo na sua capacidade de “pensar”.
Ele apresenta um comportamento de alto grau de ansiedade, considerando que a
situação no ambiente familiar impõe a ele restrições quanto ao fortalecimento
das relações vinculares e uma comunicação truncada. Ainda foi observado em
relação à ausência do pai e omissão da figura
dos irmãos, pois hesita em falar deles, medo de expressar seus sentimentos, demonstra
fragilidade e rejeição quando trata-se em falar da família.
No
cognitivo demonstra falta de envolvimento com o objeto de aprendizagem e com o
conhecimento do transmissor. Seu nível pedagógico e criativo está á baixo de
sua escolaridade e de sua faixa etária, suas produções correspondem ao nível
pré-operatório. Possui baixo nível de atenção, dificuldade na concentração, é
muito tímido, e tem um comportamento muito apreensivo, necessita de muita
compreensão. É desorganizado, não explora todo material disponibilizado e
prefere usar o material já conhecido. Para fazer qualquer atividade necessita
de estímulos diretivos, que indiquem o que deve fazer e como fazer.
Sobre
o aspecto pedagógico apresenta uma modalidade de aprendizagem
Hipoassimilativa/Hipoacomodativa É criança com deficiência
intelectual em grau leve, não foi estimulada
adequadamente. Toma pouca iniciativa, e precisa ser conduzido nas suas
produções, bem como necessita de incentivo constante no trabalho que realiza.
Nesta
sintomatização ocorre uma assimilação pobre, o que resulta na pobreza no
contato com o objeto, de modo a não transformá-lo, não assimilá-lo de todo,
apenas acomodá-lo. A acomodação consiste em adaptar-se para que ocorra a
internalização. A sintomatização da acomodação pode dar-se pela resistência em
acomodar, ou seja, numa dificuldade de internalizar os objetos (FERNÁNDEZ, 1991
p.110).
Também
foram identificadas características de disgrafias nas atividades realizadas
pelo aprendente. Considerando esses aspectos entendemos que o obstáculo epistemológico,
(segundo a CHAMAT 2004 que são obstáculos de fora do sujeito, ou seja, algo ou
alguém que possa estar impedindo o sujeito de aprender
é um dos aspectos que está contribuindo para ele não está se apropriando da
aprendizagem acadêmica).
A análise de dados obtidos durantes
as atividades realizadas revela que D. apresenta baixo impulso epistemofílico
para o conhecimento. Isso significa que possui os esquemas de pensamento para a
aprendizagem, mas os utiliza parcialmente por falta de vinculação. Quanto a
organização, possui mecanismos antecipatórios, utilizando a assimilação e a
acomodação quando deseja. Não cria algo novo, mas recria a partir de algo
assimilado. Assim, não há predomínio da acomodação sobre assimilação,
desconcentrando-se do objeto de aprendizagem. A problemática emocional que
explica a dificuldade de aprendizagem.
Existe uma
diferença entre estudar e aprender. Estudar geralmente envolve a retenção de
algum material a ser abarcado pela memória, para ser devolvido quase que contingente
ato em si. Pode ser assimilada ou não, dependendo da estruturação de pensamento
do aluno. Geralmente esse conhecimento se perde ou passa para o inconsciente
cognitivo. A maioria dos casos, não há
conservação e não subsidia a aquisição de novos conhecimentos, só serve para
obter nota na avaliação.
O ato de
aprender envolve os processos de assimilação e acomodação, segundo Piaget
(1970). Para que esses processos ocorram, o aluno deve estar de posse de
esquemas anteriores que o subsidie a uma nova aquisição; deve estar munido do
desejo de vincular-se ao novo, ao conhecimento que se encontra relacionado à
dinâmica e às relações vinculares familiares.
O trabalho Psicopedagógico, implica compreender a situação de
aprendizagem do sujeito, individualmente ou em grupo, dentro do seu próprio
contexto. Tal compreensão requer uma modalidade particular de atuação para a
situação em estudo, o que significa que não há procedimentos predeterminados.
Defino essa característica como configuração clínica da prática Psicopedagógica.
A metodologia do trabalho, ou seja, a abordagem e o tratamento, enfim, a forma
de atuação, se vai tecendo em cada caso, na medida em que a problemática
aparece. Cada situação é única e requer dos profissionais atitudes específicas
em relação àquela situação. (BOSSA 2011.p 133).
Devemos frisar, mesmo grifar, que as características da família, da
escola ou até mesmo do professor podem ser a causa desencadeante do problema de
aprendizagem. Refiro-me à causa desencadeante porque acredito em uma sobredeterminação
de fatores, e em um (fator) como o desencadeante (naquele momento). Assim,
essas características que constituem a causa da problemática influenciam também
a forma de abordagem do profissional. Ainda que o psicopedagogo assim o
desejasse, ser-lhe-ia impossível negar a família, a escola, o professor ou
mesmo a comunidade. Isso quer dizer que não é possível excluir do processo da
aprendizagem esses virtuais elementos, cujo influxo sobre o próprio sujeito é
marcante. Podemos dizer, desta maneira, o que a natureza das causas do problema
de aprendizagem aponta para o psicopedagogo, na hora da sua intervenção, a
melhor forma de ele atuar. (BOSSA, 2011. P 137).
Baseada em minhas experiências, posso afirmar que, muitas vezes, o
problema de aprendizagem que leva o sujeito ao consultório tem causa na sua estrutura de personalidade e/ou
familiar, mas, sem sombra de dúvidas, a incidência de problemas de
aprendizagem, conseqüência de inadequação dos métodos, do conteúdo, do
professor, enfim, da estrutura de ensino, supera qualquer outra coisa.
É a escola, indubitavelmente, a principal responsável pelo grande número
de crianças encaminhadas ao consultório por problema de aprendizagem. Assim, é
muito importante que a Psicopedagogia dê a sua contribuição à escola, seja no
sentido de promover a aprendizagem, seja no tratar de transtornos nesse
processo. (BOSSA, 2011 p. 139).
8-
PARECER DIAGNÓSTICO.
Com base
nas avaliações realizadas, foi possível constatar que o aprendente em estudo,
D., 9 anos – cursando o 3º ano do Ensino Fundamental, traz um histórico de vida
marcado por:
-
Carências quanto ao suprimento de algumas necessidades orgânicas e afetivas, e
debilidade do vínculo paterno e familiar;
- Um meio
social e familiar que não estimulou o seu conhecimento de mundo;
- Baixa
autoestima produzida pelo fracasso escolar;
-
Inadequação pedagógica favorecida por um modelo de aprendizagem operatório
concreto, descontextualizado e pautado na dependência lúdica do modelo pré
operatório.
Em
suma demonstra falta de envolvimento com o objeto de aprendizagem e com o
conhecimento do transmissor. Seu nível pedagógico e criativo está á baixo de
sua escolaridade e de sua faixa etária, suas produções correspondem ao nível
pré-operatório. Possui baixo nível de atenção, dificuldade na concentração, é
muito tímido, e tem um comportamento muito apreensivo, necessita de muita
compreensão. É desorganizado, não explora todo material disponibilizado,
prefere usar o material já conhecido. Para fazer qualquer atividade necessita de
estímulos diretivos, que indiquem o que deve fazer e como fazer.
A postura é inadequada, não tem boa
coordenação motora fina, faz preensão incorreta e braço curvo,
deixa o verso da folha marcado, usa
freqüêntemente a régua e a borracha. Lê silabadamente com retrocessos,
na escrita acrescenta e omite letras, mistura letras bastão com letras cursivas,
faz letras de tamanhos diferentes na mesma palavra, não utiliza pontuação e
acentuação.
A
criança apresenta uma modalidade de aprendizagem de Hipoassimilação/Hiperacomodação,
onde há
pobreza de contato com o objeto, falta de iniciativa, obediência cega às normas
e submissão.
8- 21ª SESSÃO .
9-DEVOLUTIVA
FINAL COM ENCAMINHAMENTOS.
A devolução é a comunicação
verbal dos resultados obtidos no diagnóstico, que o psicopedagogo faz ao
aprendente, a família e a escola. Trata-se de uma entrevista final das
conclusões a que se chegou durante as análises das seções realizadas. É
importante não somente expor com clareza o problema em todas as suas dimensões,
mas o tornar compreensível.
Quanto às
recomendações necessárias ao desenvolvimento desta criança considera-se:
-
Intervenção Psicopedagógica com inclusão do lúdico, estimulando sua auto estima
e iniciativa de participação e questionamento;
-
Estímulo familiar no que diz respeito ao acompanhamento social e escolar, da
leitura, escrita e cálculo;
-
Trabalho pedagógico que considere a singularidade do sujeito, valorizando seu
conhecimento de mundo, realizando estratégia metodológica lúdica, criativa e
desafiadora, que combine os diferentes estilos de aprendizagem a partir de um
planejamento flexível;
Diante
dos resultados apresentados se faz necessárias mudanças na rotina diária, no
ambiente familiar, social e escolar; acompanhamento Psicopedagógico; possível mudança
para uma escola que foque as atividades lúdicas através de projetos no caso da
escola atual não se adequar as
necessidades do aluno.
10-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
início de tudo causa inquietação e um pouco de ansiedade. Não foi diferente
quando enfrentamos na prática o que aprendemos na teoria durante o estágio de
Psicopedagogia. Mantivemos toda uma expectativa, além de uma enorme preocupação
para que pudéssemos seguir harmonicamente Psicopedagogas e paciente em clima de
perfeita conexão.
Em
nenhum momento nos ocorreu sentimento de culpa, ou esgotamento de esforço ou
até mesmo falta de compartilhamento. A parte dominante do estágio estava para
acontecer, que seria o momento da conquista do investigado com as
investigantes. Não foi difícil, até pelo fato das Psicopedagogas em sua
aquisição teórica ter recebido informações suficiente de como conduziria na
pratica o que aprendeu na teoria.
Em
posição opostas, cujos lados constituídos por psicopedagogas e investigado,
fomos ao limite com o intuito de resgatar o investigado, ao ponto em que o
prazer de aprender assumisse o lugar ao qual era nossa pretensão e que para
tanto o induzimos.
Os
passos iniciais decorreram como esperávamos dentro do possível e aos poucos,
foram construindo laços de mutuo afeto que fizeram fluir confiança entre
psicopedagogas e investigado, pois sem esse entrelaçamento seria quase impossível
obtermos êxito as nossas pretensões.
Diante
de tantos desafios, um deles o mais preocupante assentava-se no modo de como
Psicopedagogas e paciente se entrelaçariam em uma mesma cumplicidade, para
juntos descobrir e eliminar bloqueios e poder despertar interesse através de
leitura e entretenimento que possivelmente o levaria ao interesse de aprender.
Não
poderíamos deixar de registrar o tempo que levamos, para conhecer o nosso
investigado, sua família e o modo de vida em seu cotidiano. Diuturnamente
buscamos informações por todos os meios possíveis, incluindo entre tantos, as
experiências vividas por outros psicopedagogos que muito contribuíram para a
nossa aprendizagem.
Os
resultados foram aparecendo, o investigado sentindo-se mais interessado de
conferir as sessões e melhor ainda, buscando compreender nossas propostas em
ambiente de pleno estudo e em perfeita sintonia. Unimos o prazer ao esforço de
ensinar e que para nossa satisfação prazerosamente ele se dispôs a aprender.
Desafios
não faltaram, mas acabaram se superando a medida das novas descobertas, cujos
resultados aproximavam-nos das realidades que buscávamos. “O mestre e seu
aprendiz têm momentos diversos, mas acabam distante de onde partiram sem
vergonha ou constrangimento de olhar pra trás e poder ver quanto aprenderam”
Como
toda Psicopedagoga sua finalidade Psico-investigativa se dá pelo fato da mesma
buscar as satisfações dos sujeitos investigados frente aos bloqueios que os
levam a dificultar a sua aprendizagem. Porém não fica só por ai, o ser humano
precisa conquistar sua auto- estima e isto é tarefa de continuidade de
estimulação e de ausência de individualismo e presença de pluralidade afetiva.
A
consciência do dever cumprido, sim, mas há muito a percorrer. O bel prazer do
estágio é figura primária dessa aprendizagem, porém a satisfação maior é poder
ter contribuído para que de alguma forma Psicopedagogas e Paciente tenham
aprendido a lição para quais ambos se dispuseram. Os envolvidos decorreram um
longo período de adaptação, conhecimento, reflexão, estudos e pesquisas que
culminaram no objetivo das suas pretensões.
11-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE,
Márcia Siqueira de. Psicopedagogia
Clínica 1ª edição, Editora Póluss 1998 São Paulo p.79
BOSSA,
Nadia Aparecida. A Psicopedagogia no
Brasil: contribuições a partir da prática. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak
Editora, 2011 p.103
CHAMAT,
Leila S. José. Teste de Diagnostico
psicopedagógico. O diagnostico clínico na abordagem interacionista. Editora
Vetora, São Paulo, 2004.
CHAKUR,
Cilene Ribeiro de Sá Leite. O Social e o lógico – matemático na mente
infantil: cognição, valores e
representações ideológicas. São Paulo: Arte & Ciência, 2002 p. 7
FERNANDEZ,
Alicia O saber em jogo. A Psicopedagogia
propiciando autorias de pensamento Porto Alegre Ed. Artmed 2008 p. 72
KOPZINSKI,
Sandra Difini Percurso Psicopedagogicos:
entre o saber e o fazer/ Novo Hamburgo: Feevale Ano 2010 Rio Grande do Sul
p. 26-27
PORTO,
Olivia Bases da Psicopedagogia:
diagnóstico e intervenção nos problemas de aprendizagem 2ªed. – Rio de
Janeiro: Wak Ed. 2007 p. 53
SCOZ,
Beatriz Psicopedagogia e realidade
escolar: o problema escolar e de aprendizagem. 17 ed. Petróplolis, RJ:
Vozes, 2011. P. 26
WEISS,
Maria Lúcia L. Psicopedagogia Clínica:
uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem 3 edição DP&A
editora 1990
WWW.psicopedagogavaleria.com.br
Disgrafia motora acessado em
14/05/2013.
1] BOSSA, Nadia Aparecida. A
Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 4 ed. Rio de
Janeiro: Wak Editora, 2011 p.103
[2] Idem p.104
[3] Idem, Ibidem
[4] PORTO, Olivia Bases da Psicopedagogia:
diagnóstico e intervenção nos problemas de aprendizagem 2ªed. – Rio de
Janeiro: Wak Ed. 2007 p. 53
[5] FERNANDEZ, Alicia O saber
em jogo. A Psicopedagogia propiciando autorias de pensamento Porto Alegre
Ed. Artmed 2008 p. 72
[6] KOPZINSKI, Sandra
Difini Percurso Psicopedagogicos: entre
o saber e o fazer/ Novo Hamburgo: Feevale Ano 2010 Rio Grande do Sul p.
26-27
[7] Idem
[8] Idem p. 27.
[9] Idem p. 30
[10] KOPZINSKI, Sandra Difini Percurso
Psicopedagogicos: entre o saber e o fazer/ Novo Hamburgo: Feevale Ano 2010
Rio Grande do Sul p. 30-31.
[11] Idem. Ibidem
[12] SCOZ, Beatriz Psicopedagogia
e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. 17 ed.
Petróplolis, RJ: Vozes, 2011. P. 26
[13] WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia
Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem 3ª edição DP&A
EDITORA 1990 p. 28
[14] Disgrafia motora (discaligrafia) É também chamada de letra feia.
Isso acontece devido a uma incapacidade de recordar a grafia da letra. Ao
tentar recordar este grafismo escreve lentamente o que acaba unindo
inadequadamente as letras, tornando a letra ilegível. Algumas crianças com
disgrafia possuem uma disortografia amontoando letras para esconder os erros
ortográficos. A disgrafia não está associada a nenhum tipo de comprometimento
intelectual. Pesquisa pela internet em 14/05/2013 no site WWW.psicopedagogavaleria.com.br
[15] ANDRADE, Márcia Siqueira de. Psicopedagogia
Clínica 1ª edição, Editora Póluss 1998 São Paulo p.79
Nenhum comentário:
Postar um comentário